“
PERGUNTAS NECESSÁRIAS
JAIME LEITÃO
Nesse momento em que o reinício do ano letivo foi adiado em praticamente todas as escolas estaduais, municipais e particulares do Estado de São Paulo, até o dia 17 de agosto, para evitar um alastramento incontrolável da gripe suína, é hora de levantar algumas questões.
A primeira delas é: -De onde surgiu essa pandemia que tira professores e alunos das salas de aula? Em trinta anos de carreira, nunca vi algo semelhante. Uma resposta surge
no artigo do escritor e jornalista francês Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique. No seu texto publicado no início deste mês, intitulado “ A grande ameaça A – Os culpados pela gripe suína”, ele afirma com todas as letras: “Não se trata de uma maldição do céu nem de um azar ditado pelo destino. A epidemia de gripe A (H1N1) surgida no México tem responsáveis concretos: o primeiro nome próprio é o da empresa norte-americana Smithfiels Foods Inc., a mais importante produtora de carne suína do mundo. Várias investigações apontam para os gigantescos criadouros que essa empresa transnacional possui no pequeno povoado mexicano de La Gloria- cujas condições de higiene e saneamento são espantosas- como a origem do flagelo.”
No seu artigo, há um ponto importante a ser ressaltado. A expansão gigantesca da produção de porcos em condições precárias não seria possível na matriz, já que nos Estados Unidos as leis são muito rígidas. Então, aproveitando-se de leis mais frouxas no México, a empresa se estabeleceu lá e se expandiu de forma assombrosa.
Segundo autoridades de saúde, as condições de higiene precárias, além da grande quantidade de porcos em ambiente mínimo, com pouca ventilação e iluminação permanente, representaram fatores desencadeadores da epidemia. Fora isso,
a utilização de antibióticos, injeções de hormônio e vacinas teriam tornado o vírus ainda mais resistente. Foi verificada pelas autoridades sanitárias a poluição dos rios e do meio ambiente, com destroços de porcos boiando nos seus leitos e outros sinais claros de falta de cuidado com a higiene.
Ainda não há respostas definitivas. Agora, o que se espera das nossas autoridades é que tomem providências para evitar que a gripe se propague e pegue a maior parte da população. E,se isso ocorrer, que as cidades se estruturem rapidamente, em consonância com o governo federal, para medicar os infectados de maneira correta, evitando um número maior de mortes.
Só que é também fundamental mudar urgentemente a forma de criar porcos, frangos e outros animais. As grandes corporações mandam no mundo e a humanidade se torna refém de epidemias que poderiam ser evitadas se cada país tomasse conta de seu território e impedisse que empresas se instalassem lá sem que sejam investigados os impactos ambientais e humanos desses empreendimentos. O lucro para poucos costuma ser nocivo para muitos.
domingo, 2 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário